O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, iniciou a sessão desta quinta-feira (14/11) com uma manifestação de pesar sobre o trágico episódio ocorrido na véspera, quando um homem, Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, provocou uma explosão ao se deitar sobre um artefato em frente ao STF, perdendo a vida no ato. Em tom de reflexão, Barroso destacou a gravidade do evento e questionou o caminho que levou o Brasil a um “mundo de ódio, intolerância e golpismo”.
“Quando foi que perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio e da violência?”, ponderou Barroso, alertando para a influência de ideologias extremas, “mercadorias espiritualmente defeituosas de outros países que se desencontraram na história”.
O presidente do STF ainda relembrou uma série de ataques recentes à democracia e às instituições republicanas. Em sua fala, ele elogiou a atuação das forças de segurança, especialmente o trabalho conjunto entre a Polícia Federal, Polícia Militar e a equipe de segurança do STF, que atuaram rapidamente para controlar a situação.
Detalhes do Ataque
O incidente aconteceu por volta das 19h30 de quarta-feira (13/11), quando Francisco Wanderley Luiz se aproximou da estátua da Justiça, em frente ao STF, carregando uma mochila e um extintor. Segundo imagens de câmeras de segurança, ele tentou acender um artefato, que inicialmente falhou, e em seguida arremessou outro dispositivo, que explodiu próximo à marquise do tribunal. Cercado pelos agentes, ele acendeu mais um explosivo e deitou-se sobre ele, causando sua morte instantânea.
As equipes de segurança isolaram o local e, em operação conjunta, a Polícia Federal e a Polícia Militar do Distrito Federal inspecionaram cuidadosamente os itens deixados pelo homem, encontrando mais explosivos na mochila e em sua roupa. A operação se estendeu pela madrugada, e a área foi liberada na manhã desta quinta-feira.
Intenção de Matar Ministros
Em coletiva de imprensa, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, confirmou que Francisco Wanderley Luiz tinha a intenção de matar ministros do STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, que teria sido o principal alvo. Mensagens deixadas por Luiz em sua residência temporária em Ceilândia, onde um arsenal de explosivos foi encontrado, indicavam ameaças à Suprema Corte.
“Esses ataques são parte de uma rede de radicais que têm como objetivo desestabilizar as instituições democráticas, culminando nessa tentativa de atentado”, afirmou Rodrigues, destacando que o caso não é isolado e que a Polícia Federal vem investigando ações de grupos extremistas no país.
Rodrigues também mencionou um áudio da ex-esposa de Luiz, que reforçava o plano de atacar o ministro Moraes. Ele destacou que os explosivos usados, embora artesanais, tinham potencial de danos graves, e que a investigação busca descobrir o nível de planejamento por trás do ataque.
Atividades Extremistas em Investigação
Ao fim da coletiva, o diretor-geral da PF ressaltou que os eventos do dia anterior são reflexo de uma atividade crescente de grupos extremistas no Brasil. “A PF está atenta e investigando esses movimentos. Esse episódio é parte de um cenário mais amplo e requer ações coordenadas de todas as forças de segurança para proteger a democracia”, concluiu Andrei Rodrigues.
