O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu, nesta segunda-feira (20), a primeira reunião ministerial de 2025, que se estendeu por quase oito horas na Granja do Torto, em Brasília. O encontro serviu para alinhar estratégias, avaliar o desempenho das pastas, implementar uma nova abordagem na comunicação do governo e traçar metas visando consolidar a gestão petista em meio a desafios políticos e econômicos.

Mudanças na Comunicação: Um Novo Começo
A reunião marcou a estreia de Sidônio Palmeira à frente da Secretaria de Comunicação Social (Secom), substituindo Paulo Pimenta. Logo no início, Sidônio apresentou uma cartilha de comunicação que busca evitar crises como a provocada recentemente pela confusão envolvendo a suposta taxação do Pix. Ele destacou que a política, a gestão e a comunicação vinham atuando de forma desarticulada e que, a partir de agora, precisariam caminhar juntas.
Entre as medidas anunciadas, está a criação de uma central de monitoramento de redes sociais para responder rapidamente a desinformações. Além disso, os ministros foram orientados a abordar publicamente a “herança de destruição” deixada pelo governo anterior, comandado por Jair Bolsonaro.
“É importante que as pessoas saibam como encontramos o governo: se o copo estava meio cheio, meio vazio ou completamente vazio”, disse Sidônio. Ele também pediu o fim da prática de vazamentos para a imprensa sob anonimato, conhecida como “república do off”.
Lula endossou as medidas e reforçou que a comunicação do governo será centralizada. Em anúncios importantes, ele será o primeiro a falar, seguido pelos canais oficiais e, somente depois, pelos ministros. “É preciso que a informação organizada chegue antes da mentira”, declarou Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, ao apoiar a nova estratégia.
Cobrança por Resultados e Ajustes no Governo
No tom que dominou a reunião, Lula deixou claro que a busca por eficiência e resultados será prioridade em 2025. Ele determinou que nenhuma portaria fosse emitida sem o aval da Presidência ou da Casa Civil, citando casos recentes que causaram desgastes políticos.
O presidente cobrou soluções imediatas de ministros para questões prioritárias, como a redução dos preços dos alimentos. Em resposta à apresentação do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, Lula afirmou que esperava ações concretas em conjunto com os ministérios da Agricultura e da Fazenda. “Não podemos esperar. A população precisa sentir os resultados agora”, reforçou.
Preparação para 2026 e Reforma Ministerial
Lula classificou 2025 como “o ano da verdade” e sinalizou ajustes no governo após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, previstas para 1º de fevereiro. Ele declarou que está atento ao comportamento das bancadas aliadas no Congresso e planeja conversas individuais com ministros e líderes partidários para discutir o futuro da coalizão governista.
O presidente também anunciou que pretende sair mais do gabinete e participar de eventos em todo o país, abandonando o modelo de centralizar atos no Palácio do Planalto. “Chega desse negócio de fazer ato aqui dentro. Vou para a rua”, afirmou Lula, segundo relatos de participantes.
Reunião Se Estendeu Até o Fim da Tarde
O encontro terminou com um almoço tardio, por volta das 16h, descrito pelos participantes como um “almojanta”. No cardápio, havia peixe e filé com molho. Apesar das cobranças e ajustes, o clima foi considerado construtivo pelos ministros. “Foi muito importante para o governo sair da defensiva e reorganizar as prioridades”, afirmou Carlos Lupi, ministro da Previdência.
Com foco em comunicação eficiente, ações concretas e maior proximidade com a população, Lula busca fortalecer sua gestão e preparar terreno para os desafios políticos e eleitorais que se aproximam.